Hospital é inaugurado no Rio de Janeiro quase dez meses após ficar pronto
Saúde
Publicado em 03/04/2021

A unidade vai receber pacientes com Covid-19 e ajudará na oferta de leitos, para desafogar a demanda do Hospital Geral de Nova Iguaçu, o Hospital da Posse

O governo do Rio de Janeiro inaugurou na manhã deste sábado (3) o Hospital Modular de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. As obras custaram R$ 62 milhões e estavam prontas desde junho do ano passado, mas só agora a unidade foi aberta, e com apenas 150 leitos para pacientes com Covid-19 - metade da capacidade prometida. São 60 vagas de UTI e 90 de enfermaria. 

“Esse hospital, eu não tenho dúvida, ainda que ele tenha feito parte de um tempo de extrema tristeza, de pandemia, de acusações, era um hospital preparado para ser colocado e depois retirado. [...] E ser chamado de hospital de campanha ou até mesmo de modular, diminui, muitas vezes, a importância e o tamanho de um equipamento como essse”, declarou o governador em exercício, Cláudio Castro, na inauguração.

O Hospital Modular de Nova Iguaçu, agora batizado de Hospital Estadual Ricardo Cruz, teve a construção marcada por problemas nas contratações durante a gestão do governador afastado Wilson Witzel. 

A unidade fazia parte do contrato inicial de operação pelo Iabas - organização social que deveria colocar em funcionamento sete hospitais de campanha e só entregou dois, atualmente investigada pelo Ministério Público Federal. Outra empresa, investigada pelo MInistério Público do Rio Grande do Sul, foi contratada para a construção. Licitações para operação dos leitos também tiveram problemas já na gestão de Castro. 

O hospital deve começar a receber os pacientes gradativamente, após uma reunião do secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, com a equipe de gestão. Questionado sobre a demora de aproximadamente dez meses para abertura, Chaves apontou dois fatos: o fato de ter sido construído em uma área irregular, da Agência Nacional de Aviação Civil, e problemas enfrentados em licitações. 

A unidade vai receber pacientes com Covid-19 e ajudará na oferta de leitos, especialmente para desafogar a demanda do Hospital Geral de Nova Iguaçu, o Hospital da Posse. O estado, segundo a última atualização do painel da Secretaria Estadual de Saúde, tem 968 pessoas na fila por leitos na rede pública, 671 delas de UTI e 297 por enfermaria. 

CNN questionou o motivo do hospital não disponibilizar, desde agora, os 300 leitos da capacidade total, mas o secretário Carlos Alberto Chaves disse que, antes, é preciso avaliar a demanda. “Esse hospital está pronto para receber 300. No momento, 150, por quê? Porque pode ser que seja uma curva fazendo platô já”, declarou. Já o governador em exercício, Cláudio Castro, no discurso de inauguração, disse que os outros 150 leitos devem entrar em funcionamento dentro de 15 dias. 

A atualização dessa sexta-feira do Mapa de Risco da Covid-19 aponta que a pandemia se encontra em risco muito alto (roxo) no estado do Rio de Janeiro. E o tempo médio para esgotamento dos leitos de UTI é de seis dias. A situação mais crítica é do centro-sul, onde a média é de dois dias, e da região metropolitana I, onde estão a capital e a Baixada Fluminense, de cinco dias. 
A taxa de ocupação de UTIs no estado é de 88,9%, sendo que 14 cidades não têm mais vagas disponíveis e 11 operam na faixa dos 90%. O Rio de Janeiro soma 653.204 casos confirmados da Covid-19 e 37.218 mortes pela doença. 

Governador questiona fechamento de serviços

O governador em exercício, Cláudio Castro, também aproveitou para criticar medidas restritivas rigorosas, durante o evento em Nova Iguaçu na manhã deste sábado. A fala vem um dia depois do prefeito do Rio, Eduardo Paes, prorrogar o fechamento do serviço presencial de comércio, bares e restaurantes até a próxima quinta-feira. 

“Há duas grandes vacinas que nós precisamos dar à população hoje. Uma delas é a vacina contra a Covid e a outra é a vacina contra a fome. E a vacina contra a fome só tem um nome: a preservação dos empregos. [...] É muito fácil falar fecha tudo. Eu digo, se fechar tudo, nem as prefeituras, nem o governo do Estado, nem o governo federal terão dinheiro sequer para pagar insumos de salários e de quem trabalha aqui”.

 
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