O sonho do diploma está cada vez mais distante para milhares de jovens brasileiros. Um levantamento da Serasa, em parceria com a MindMiners, revela que 35% dos universitários têm dívidas em aberto com instituições de ensino. O desemprego é o principal motivo (22%), seguido por dificuldades pessoais ou familiares (13%) e redução de renda (9%).

Outro dado alarmante vem da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes): 986 mil jovens entre 18 e 35 anos adiaram o ingresso na faculdade em 2025 por conta dos gastos com apostas on-line, como o chamado “jogo do tigrinho”. Nas classes D e E, a taxa de adiamento sobe para 41%, com destaque para o Nordeste (44%) e o Sudeste (41%).

A realidade pesa também na vida emocional. Quase metade dos estudantes (48%) relatam ansiedade intensa, insônia e estresse. E 45% afirmam ter adiado planos de vida devido às dívidas. “A insegurança financeira consome energia mental e afeta diretamente o rendimento acadêmico”, explica a psicóloga Kenia Ramos.

Histórias como a da servidora pública Lorrana Pádua, que ainda paga um financiamento estudantil iniciado em 2017, ou da assistente administrativa Larissa Rezende, que precisou trancar a faculdade por não conseguir quitar as mensalidades, refletem o drama de uma geração que busca melhores oportunidades, mas enfrenta obstáculos financeiros pesados.

Especialistas alertam que a falta de educação financeira é um dos maiores fatores para o endividamento. Negociar dívidas, controlar gastos e buscar apoio são passos fundamentais para evitar que a frustração substitua o sonho da formação.

Mesmo diante das dificuldades, a esperança persiste: 64% dos estudantes acreditam que conseguirão regularizar as pendências nos próximos dois anos.