A crise institucional entre o Judiciário e o bolsonarismo ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (23). O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, protocolou um novo pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O motivo, segundo o parlamentar, seria uma “escalada autoritária” promovida por Moraes, com decisões que, para ele, extrapolam os limites constitucionais. No documento enviado ao Senado, Flávio denuncia censura prévia, perseguição ideológica e abuso de poder por parte do ministro.
Entre os pontos mais criticados está a decisão de Moraes de impor tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro, além de proibir o ex-presidente de usar redes sociais, conceder entrevistas e até aparecer em conteúdos de terceiros — sob ameaça de prisão. Flávio argumenta que tais medidas configuram uma tentativa de silenciamento político, sem respaldo legal claro.
“O ministro Alexandre de Moraes se colocou acima da Constituição. É preciso dar um basta”, afirmou o senador durante a entrega do pedido.
Apesar da gravidade das acusações, o pedido ainda precisa ser analisado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que pode engavetar ou dar prosseguimento ao processo. Esse é o 29º pedido de impeachment contra Moraes que chega ao Senado, e até agora, nenhum avançou.
Flávio também apontou que há um suposto tratamento desigual por parte do ministro, ao tolerar declarações polêmicas de políticos de esquerda enquanto age com rigor extremo contra aliados do ex-presidente.
O pedido, se aceito, pode resultar em afastamento provisório de Moraes e, ao final, até na cassação de seu mandato no STF, além da inelegibilidade por 8 anos — algo inédito na história da Corte Suprema brasileira.
Nos bastidores, aliados do STF consideram a iniciativa meramente política, enquanto bolsonaristas veem o gesto como uma resposta necessária àquilo que chamam de “perseguição judicial”.
A temperatura entre os poderes segue em alta. E o desfecho desse novo embate poderá impactar diretamente o cenário político de 2026.