Cozinheira da Rede Municipal de Ourinhos, Silmara Carlos, Fala Sobre a Terceirização da Merenda Escolar em Entrevista na Rádio Melhor FM
Publicado em 04/03/2025 11:51
Educação

Em uma entrevista exclusiva à Rádio Melhor FM, 106,1, Silmara Carlos, cozinheira da rede municipal de Ourinhos, compartilhou suas preocupações e visões sobre a possível terceirização da merenda escolar no município. Com mais de 20 anos de experiência na cozinha escolar, Silmara expressou seu amor pelo que faz e a dedicação em preparar refeições de qualidade para os estudantes

Ama o que faço, somos cozinheiras e não merendeiras”, afirmou, ressaltando que a entrega de comida de qualidade vai muito além de simplesmente distribuir marmitas. Para ela, a terceirização da alimentação escolar é um erro, pois as cozinheiras que conhecem as necessidades dos alunos não devem ser substituídas. “Pagar uma empresa para cuidar da alimentação é a mesma coisa que jogar dinheiro fora. Colocar as cozinheiras apenas para distribuir comida vai gerar desperdício ou, no caso contrário, a falta de alimentos. Nós fazemos a comida de acordo com o posicionamento da criança. E acreditem, elas não comem nem uma colher de sopa cheia”, disse Silmara.

Ela lembrou ainda de sua experiência pessoal: "Fui cozinheira dos filhos do Guilherme na escola deles e vi de perto a importância de uma alimentação pensada e preparada com carinho".

Preocupações sobre a terceirização

Durante a entrevista, Silmara comentou sobre o receio de muitos trabalhadores da área, que temem ser demitidos caso a terceirização seja implementada. Ela afirmou que o maior problema não é perder o emprego, mas sim perder o contato e o “feeling” com as crianças, algo que, segundo ela, é fundamental para oferecer uma alimentação adequada e sem desperdício. “Nós sabemos o que as crianças gostam, o que elas precisam. Não queremos uma alimentação ruim. Isso é o que realmente importa”, completou.

Ouvintes levantam questões importantes

Diversos ouvintes entraram em contato durante a entrevista, expressando suas preocupações sobre o processo de terceirização. Um ouvinte questionou: “Será que não haverá também uma superlotação de plásticos das marmitas? Isso vai aumentar o uso de materiais que precisarão ser reciclados, vai ser necessário pagar pessoas para distribuir marmitas quando poderíamos ter profissionais com capacidade para cozinhar uma comida de verdade?”

Silmara concordou com o questionamento, levantando também outro ponto importante: “Como vão transportar a comida de maneira adequada para mantê-la quente? Isso é determinado por lei, mas se a comida for transportada de forma inadequada, não chegará no estado correto para as crianças”, destacou.

Outro ouvinte criticou a terceirização, lembrando da experiência da gestão anterior: “Essa terceirização da merenda é ruim. O prefeito anterior terceirizou a SAE, e olha como está a situação agora.”

Preocupações com a saúde das crianças

Em um depoimento ainda mais pessoal, um terceiro ouvinte expressou sua preocupação com a saúde de sua neta, que tem obesidade mórbida. “Como vai ser a alimentação dela? Estou muito preocupado não só com ela, mas com todas as outras crianças. A alimentação precisa ser mais do que uma simples refeição, ela tem que ser nutritiva e equilibrada”, disse.

Cidadã da comunidade também expressa sua opinião

Cidinha, moradora da Quinta do Café e funcionária da escola, ligou ao vivo para expressar sua opinião sobre a terceirização: “Vai dar certo, não. Eu trabalho na escola, amo o que faço, amo lavar prato, e acredito que não vai dar certo. Eu ajudo a servir merenda e lavar louça, e amo esses jovens. Sei o quanto eles precisam de um olhar especial, de carinho.”

Reflexões sobre a gestão passada

Silmara também comentou sobre a gestão anterior e a experiência com a terceirização. “Na outra gestão, quando houve a terceirização, eles colocaram 100 refeições a mais do que realmente existiam nas escolas, só para poderem receber mais dinheiro. Isso é um reflexo do que pode acontecer novamente se a terceirização for implementada”, afirmou.

A entrevista levantou importantes discussões sobre o futuro da merenda escolar em Ourinhos, com a comunidade expressando seu desejo de preservar a qualidade e o carinho na alimentação oferecida às crianças. Silmara, assim como muitos ouvintes, espera que a gestão atual ouça as preocupações da população e mantenha a cozinha escolar sob a responsabilidade das cozinheiras, que conhecem o real valor de uma alimentação escolar bem-feita.

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