Apesar de maioria, mulheres encaram obstáculos para chegar ao topo na ciência
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Publicado em 18/05/2021

Os números não mentem: há, sim, muita mulher fazendo pesquisa científica no Brasil. De acordo com o CNPq, elas formam a maioria dos bolsistas de iniciação científica, mestrado e pós-doutorado. Esses dados não mentem, mas podem enganar.

Isso porque, à primeira vista, eles não contam que as mulheres cientistas podem até ser maioria nas áreas de humanidades ou ciências biológicas, mas estão em minoria gritante nas chamadas hard science, que incluem computação, matemática e outras carreiras nas ciências exatas.

Não contam também que as mulheres são maioria, mas formam a base da pirâmide da pesquisa no Brasil, e dificilmente conseguem fazer parte da nata da ciência no país, que envolve bolsas de prestígio e coordenação de grupos de pesquisa.

Para alguns, é neste ponto que elas se deparam com um "teto de vidro" que as impede de ascender. Mas, para a analista do CNPq Betina Stefanello, que estuda a questão de gênero na ciência, não se trata de uma única e grande barreira que se impõe em determinado ponto da carreira, mas múltiplos obstáculos que as mulheres enfrentam desde muito cedo e que incluem desde o peso dos estereótipos na infância até as múltiplas jornadas de mães cientistas. É o que ela chama de "labirinto de cristal".

Neste episódio do Entre Vozes, Luciana Barreto se junta a algumas cientistas e convida os ouvintes a conhecerem os meandros deste labirinto de cristal. Além de falarem sobre as violências mais explícitas vivenciadas por pesquisadoras, como machismo e assédio, elas também abordam como a lógica da ciência no país, calcada na meritocracia e produtividade, acaba privilegiando os homens.

Participam da conversa Sonia Guimarães, professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e primeira brasileira negra a se tornar doutora em física, e Natalia Machado Tavares, pesquisadora em saúde pública na Fiocruz-BA. O episódio também conta com o relato de Carolina Brito, professora no curso de física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das coordenadoras do projeto de extensão Meninas na Ciência, que realiza oficinas e debates em escolas públicas para despertar o interesse de meninas pela carreira científica.

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