A saída do secretário-adjunto de Administração, Kleber Arruda, oficializada na sexta-feira (28) pelo Diário Oficial do Município, provocou um abalo perceptível na estrutura interna da gestão do prefeito Guilherme Gonçalves. O ato, publicado sem justificativa formal, ocorre em um dos momentos mais sensíveis do governo, em meio ao acúmulo de falhas, republicações e pressões sobre o setor de licitações.
Considerado uma peça de peso no núcleo administrativo — apesar de não residir em Ourinhos —, Kleber sempre despertou resistência e questionamentos. Sua presença em um cargo estratégico alimentava debates sobre influência, critérios de nomeação e autonomia técnica dentro da Prefeitura.
A exoneração surge após semanas de desgaste. Diversas licitações foram anuladas ou refeitas por incorreções, inconsistências apontadas pelo Tribunal de Contas ou suspeitas levantadas por vereadores. Nos bastidores, essas falhas recaíam diretamente sobre a coordenação interna do setor — justamente o espaço em que Kleber atuava com maior protagonismo.
O movimento mais emblemático, porém, havia acontecido dias antes. Em janeiro, o prefeito havia ampliado o poder de Arruda, atribuindo-lhe controle direto sobre a condução dos processos licitatórios. Na última semana, Guilherme assinou um novo decreto retirando essas prerrogativas e restituindo a autoridade plena ao secretário titular da pasta, Heitor Junior Rabelo. O recuo foi interpretado internamente como um sinal claro de desalinhamento e perda de confiança.
Agora, a exoneração consolida essa ruptura. Sem nome indicado para assumir o posto, a administração entra em uma fase de reorganização, enquanto o setor de licitações — já fragilizado — permanece sob escrutínio político, técnico e institucional.