A Receita Federal lançou um painel interativo com dados alarmantes sobre o contrabando no Brasil entre 2023 e 2025. O levantamento, baseado em quase 59 mil processos fiscais, aponta que mais de 37 mil pessoas físicas e jurídicas estão envolvidas em irregularidades que causaram um prejuízo de R$ 2,33 bilhões aos cofres públicos.
Os produtos mais contrabandeados são cigarros (R$ 848 milhões), celulares (R$ 485,8 milhões), eletrônicos (R$ 172,5 milhões), itens de informática (R$ 116,9 milhões) e agrotóxicos (R$ 55,7 milhões).
A empresa Solos do Sul lidera a lista dos maiores infratores, com R$ 38,7 milhões em representações por contrabando de agrotóxicos. Entre as pessoas físicas, o destaque é Anderson Santos da Silva, acusado de causar um rombo de R$ 11,1 milhões com importações ilegais de eletrônicos.
O Paraná aparece como o estado com maior volume de contrabando, totalizando R$ 1,1 bilhão em representações fiscais — quase metade do total nacional. Já no Tocantins, os celulares lideram as apreensões, enquanto os cigarros representaram apenas R$ 7 mil em infrações.
Quem é pego nesse tipo de crime pode enfrentar multas milionárias, ações penais, suspensão de CNPJ e inclusão em listas de risco fiscal. A Receita informou que os dados serão atualizados mensalmente.
O Anuário da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) estima que, em 2024, o mercado ilegal gerou um prejuízo recorde de R$ 471 bilhões, um salto de 27% em relação a 2023. Setores como bebidas alcoólicas (R$ 86 bilhões), vestuário (R$ 51 bilhões) e combustíveis (R$ 29 bilhões) estão entre os mais afetados.
A ABCF alerta para o crescimento do crime organizado, que vê no contrabando uma de suas principais fontes de financiamento.